Muitos pacientes portadores de prótese total (P T) não a mantêm limpa. O resultado da má higiene é o acúmulo de placa e/ou de restos alimentares na superfície da prótese total e dos tecidos bucais (rebordo residual, palato, bochechas e língua).
A parte interna do aparelho protético é a região onde ocorre maior acúmulo de placa, que é o fator causal de várias patogenias bucais, como estomatites. É importante salientar que um bom polimento irá contribuir para a manutenção da limpeza da prótese, uma vez que os poros propiciam o depósito de resíduos.
O uso de agentes para limpeza das próteses é essencial para prevenir não só o acúmulo de placa, como também o mau odor e as alterações na estética, principalmente por adesão de pigmentos. Existe no mercado internacional um grande número de soluções, cremes dentais, pós, escovas e aparelhos para auxiliar na higienização das próteses. Porém, no Brasil, não existe tanta diversidade desses produtos.
Quanto ao seu efeito, esses agentes se dividem em: limpadores químicos e mecânicos. Os agentes de limpeza deveriam, idealmente, remover depósitos de substâncias orgânicas e inorgânicas das PTs, conter propriedades bactericidas e fungicidas e ser de baixo custo, para estimular seu uso contínuo.
A escova é o agente mecânico mais utilizado. Deve-se dar preferência à utilização de escovas com formato adequado e tipos de cerdas desenvolvidos especificamente para a higiene de dentaduras. É importante salientar que pacientes portadores de prolapso de válvula mitral, pacientes anteriormente submetidos a cirurgia cardiovascular, pacientes imunodeprimidos (pós-transplantados, esplenectomizados, submetidos a quimioterapia) ou imunossuprimidos (com AIDS) devem receber orientação especialmente rigorosa e detalhada, em que se deve incluir uma troca mais freqüente das escovas, a fim de diminuir o número de microorganismos acumulados nas mesmas, dado o risco maior de complicações infecciosas sistêmicas (endocardites bacterianas).
O uso de aparelhos ultra-sônicos também é eficaz como coadjuvante. Dentre os agentes químicos, o hipoclorito de sódio foi uma das primeiras soluções a ser utilizada, devido à sua capacidade de remover pigmentos e por seu poder bactericida e fungicida. Contudo, a grande desvantagem é que essa substância pode provocar clareamento da resina acrílica, dependendo da sua concentração e do tempo de imersão.
Quanto aos cremes dentais, os de baixo índice de abrasividade são mais indicados, pois mantêm a integridade das próteses. O uso de peróxidos em forma de pastilhas ou pós reduz ou elimina a colonização dos Streptococcus mutans, mas não inibe a colonização da Candida albicans, e alguns são contra-indicados para próteses que tenham sido reembasadas com material resiliente.
Destacam-se ainda, como soluções de limpeza, o bicarbonato de sódio e o perborato de sódio, sendo esse último comercializado no mercado nacional em forma de sachê. O paciente deve ser bem orientado quanto ao uso dos agentes de limpeza adequados para a prótese. Toda essa orientação deve ser, tanto quanto possível, personalizada e dimensionada para a compreensão do paciente (e familiares), no sentido de se evitar, por exemplo, o uso de bochechos com substâncias apropriadas para a limpeza das próteses, o que poderia causar sérios danos teciduais locais.
Assim sendo, na cavidade bucal, usar líquidos adstringentes suaves ou anti-sépticos bucais após a escovação de toda mucosa coberta pela dentadura e da língua. Isso sempre depois de cada refeição. Alguns autores relatam que o uso de prótese somente durante o dia é melhor do que de dia e de noite, principalmente os casos de pacientes portadores de sobredentaduras (''overdentures'') ou que possuam dentes no arco antagonista. Em seus trabalhos, mostram que a redução do risco de cáries e doenças periodontais é significativamente maior nos pacientes que permanecem com a prótese somente no decorrer do dia.
Cabe ao paciente manter a higiene bucal na rotina diária. Cabe ao Cirurgião-Dentista instruir o paciente sobre os recursos dessa higiene. Assim, o profissional estará indo ao encontro do objetivo de uma odontologia preventiva com otimização do trabalho executado.